Your Silent Face

O fundo da Gaveta

02 maio 2008

Sei lá

E agora, Paulo?

23 fevereiro 2008

Quase

O terceiro livro está quase, quase pronto.

Olha, este blogue é soberbo, não é?

É sim.

Maldades inconsequentes

Seria interessante descobrir quantos blogues continuariam a existir se, por acaso (ou por magia, digamos), deixasse de haver sitemeters e statcounters e assim. Não seria?

Alma? Que é isso?

Haverá sempre gente a dizer que a música electrónica não tem, digamos, alma. Eu discordo, claro.

Inquérito

Afinal, o interesse pela nudez da Soraia Chaves não é assim tão grande como se poderia pensar. E pelos inéditos de Fernando Pessoa? Nenhum, claro.

A pergunta é boa, é

Uma boa pergunta que me fazem, por vezes: porque não respondes aos comentários que te deixam na gaveta?

Homenagem ao Alexandre Louro (eheh)

14 fevereiro 2008

Estava-se mesmo a ver...

Este sítio chama-se your silent face porque...

10 fevereiro 2008

Sugestão # 037

Por vezes, lá acontece a remistura ser muito (mas mesmo muito) melhor que o original.
(Sim, é raro.)

Coisas que não interessam a ninguém

Após andar uns sete anos às voltas cá por casa, “Luz em Agosto” de William Faulkner foi finalmente lido. E que livro espantoso.
Em contrapartida, não consegui ler “O som e a fúria” e “Santuário” até ao fim. Há coisas esquisitas, há.

Sugestão # 036

Mas que espantosas que são as fotografias desta senhora.
(Aqui.)

Inquérito

Há gente que vem aqui parar ao engano, em busca de algo que não encontra.
Mas por que não tornar a coisa mais interessante e tentar perceber padrões nos enganos?
Por exemplo: “Soraia Chaves nua” e “Descoberto inédito de Fernando Pessoa”.
Vamos lá ver quem ganha.

05 dezembro 2007

Sonho de adolescente

Agora, sou um "band member".
Aqui.

19 outubro 2007

Coisas que não interessam a ninguém

Há uma musiquinha que veio parar cá a casa chamada “All the way to china”, de James Figurine (também conhecido por Dntel ou The Postal Service), com voz do Erlend Oye. Electrónica suave, muito anos 80, leve e nostálgica. Tenho-a ouvido vezes sem conta: e de cada vez a sensação desconfortável de que há ali qualquer coisa de muito familiar. Então, dei por mim a desconfiar que o que me faz sentir bem nem é tanto a música em si mas o que ela me faz recordar, o que ela evoca. Saudades de algo; mas de quê?
Custou mas cheguei lá. “All the way to china” é muito semelhante à Extended remix de “But not tonight” que aparece no “Black celebration” dos Depeche Mode. Comprei este álbum por volta de 1989 (foi lançado em 1986), ainda antes de “Violator” se ter tornado o disco da minha vida. E ouvi o “But not tonight” centenas de vezes, sempre no walkman, nas mais variadas situações, nos mais variados locais.
Agora, ando por aí de mp3 no bolso, a ouvir “All the way to china” até à exaustão: porque me recorda o que eu era há vinte anos. Ouço, vez após vez: e sinto saudades quase dolorosas desse tempo em que ouvia o “But not tonight” e imaginava como seria o futuro, onde estaria daí a vinte anos.
Bom: estou aqui. O futuro é isto.
(Ora foda-se.)

21 agosto 2007

Sugestão # 035

O blogue da minha filha: Aqui.
:)

Ver, mais abaixo: Confissão # 011. (Sim: já passou um ano.)

20 junho 2007

Lingerie


Confissão # 024

Acho piada aos chatos: pessoas incapazes de perceberem que as suas opiniões e sentenças são absolutamente irrelevantes. São tantos, não somos?

10 junho 2007

Enquanto te despes


Confissão # 023

Gostava de conseguir escrever estórias felizes.

26 maio 2007

Lâmpada


Enganos

Gente que aparece na Gaveta por engano, à procura de:

Fazer amor no gabinete do marido
Ver vídeos das mortes mais horríveis do mundo
Casal a mudar de fato de banho
Mulheres feias e boas
O sorriso de Paulo Portas
Mulher distraída deixa a saia na porta do carro
Quando fecho os olhos vejo espíritos
Arrotos
Mulheres bonitas mortas
Como saber se a mulher deseja
Vídeo a foder no parque de estacionamento
Quero ouvir o batimento de um coração humano
Tantos anos separados mas o meu amor por ti é o mesmo
Como localizar ruas numa cidade
Poema de alguém que ama um Paulo
Vídeos de desenhos animados a foderem
Letra da música em que diz lambendo as minhas pernas
Sandra já percebeu que ainda te amo
Imagem de um pôr-do-sol com dois idosos de mãos dadas
Foder em parque de campismo
Sexo ruidoso
Como reagir ao lado do meu namorado
Como deixar as gavetas bonitas
Depois dos setenta anos pode masturbar


Acho piada. Acho triste.

01 maio 2007

Confissão # 022

A última estória que escrevi tem mil e quinhentas palavras; a minha intenção, antes de começar, era que não tivesse mais de duzentas.

Sugestão # 034

Música: Far away from pleasure, ToyGun

25 abril 2007

Esqueleto


Confissão # 021

Escrever é, também, uma forma de atenuar o desespero, de distrair a raiva. De adiar.

08 abril 2007

Relâmpago


Sugestão # 033

Livro: Austerlitz, W. G. Sabald

Sugestão # 032

Música: Rush, Killahertz

Sugestão # 031

Poema: So you want to be a writer?, Charles Bukowski
(Aqui)

Fotografias interpretadas

Relâmpago
Vinha o relâmpago desvairado pelo céu, ainda sem saber qual o seu destino. E pensava: qual é, afinal, o propósito da minha existência?
Tivesse Deus estado presente e por certo que lhe responderia com a simplicidade da sua sabedoria: não sei.

Confissão # 020

Não foi por aparecer durante treze minutos na Sic Notícias que passei a ser reconhecido no sítio onde vou comprar o pão. Thank the lord for small mercies.

07 abril 2007

Sugestão # 030

Livro: Estórias domésticas, Henrique Manuel Bento Fialho

Confissão # 019

Surpreende-me que ninguém diga que as minhas fotografias são ridículas.

25 março 2007

Fotografias interpretadas

Corpo anónimo
Olho o teu corpo nu, uma vez mais. E pergunto-me quantos corpos mais bonitos haverá no mundo inteiro.

21 março 2007

À espera


Fotografias interpretadas

À espera
Aquilo de que ele mais gostava nela, para ser honesto, era do peito, em especial dos mamilos rígidos e castanhos, que saboreava devagar nas tardes cinzentas de Outono. Mas quando ela pergunta, sempre depois de ele dizer que a amava, de que mais gostava nela, ele respondia invariavelmente: da tua personalidade. E ela sorria, agradecida.

Sugestão # 029

Quadro: O campo de Marte, Marc Chagall

Confissão # 018

Quando a malta anti-blogue me pergunta por que motivo mantenho um blogue destes, qual o interesse, para quê o esforço, nunca sei muito bem o que responder; e improviso. Mas, afinal, suponho que a justificação será, simplesmente, esta: vaidade. A vaidade (ou arrogância?) de achar que tenho algo para dizer; a vaidade (ou presunção?) de acreditar que haja alguém que possa ter interesse no que tenho a dizer. Vaidade.

20 março 2007

Fotografias Interpretadas

Comprimidos da felicidade
Eram uns comprimidos tão bonitos que as pessoas não gostavam de os tomar: preferiam contemplá-los demoradamente, desfrutando da sua textura e cor.
E a verdade é que ninguém sabia para que serviam; desconfiava-se até que os médicos apenas os receitavam porque eram, efectivamente, os mais bonitos.

Sugestão # 028

Livro: O voo da madrugada, Sérgio Sant’anna

18 março 2007

Vinco


Sugestão # 027

Blogue: In Absentia

Pedaço # 017

Até os pensamentos são sempre os mesmos, repetições de si próprios, versões melhoradas, recicladas; versões intrinsecamente iguais ao original mas com uma nova aparência, talvez mais vistosa, talvez mais agressiva. Uma espécie de tuning de pensamentos, é o que fazemos a cada momento.

Confissão # 017

Antes lamentava não conseguir escrever poesia; agora lamento não conseguir escrever romances palermas que vendam cem mil exemplares em três meses.

17 março 2007

Vestido roto

Sugestão # 026

Blogue: A Tradução da Memória

Confissão # 016

Há pessoas com quem me cruzo, aqui e ali, que me olham e sorriem, que me perguntam se está tudo bem, que dizem ai, que está tão magro; pessoas com posturas amigáveis. E que depois, na segurança das minhas costas, sussurram, criticam, troçam, insultam. Finjo que não percebo, que não me importo.

Fotografias interpretadas

Três flores brancas e amarelas
Foi então que no meu caminho surgiram as flores amarelas; eram lindas, talvez as mais deslumbrantes que jamais vira. Contemplei-as longamente; mas precisava de prosseguir o meu destino, e foi por isso que as pisei.

16 março 2007

Sugestão # 025

Blogue: Postsecret

Confissão # 015

Tenho medo de pessoas aparentemente perfeitas e moralmente superiores; pessoas sem segredos nem vícios nem fraquezas, pessoas boas. Muito medo.

Fotografias Interpretadas

Cor de mamilo
Sempre que o mamilo era chupado, pensava: ainda vou acabar por perder a cor; e assustava-se um pouco. Mas a verdade é que até gostava. Muito.

Sugestão # 024

Livro: The blind assassin, Margaret Atwood

Ovo


25 setembro 2006

Livros que não consegui ler até ao fim # 002

Vermelho, Mafalada Ivo Cruz

Confissão # 014

Como a minha infância foi marcada pelas aventuras do Tom Sawyer, lembrei-me de comprar um DVD da série e reviver os sonhos de criança. Para minha surpresa, a minha filha, habitualmente mais entusiasmada por filmes de Barbies e afins, entusiasmou-se. E durante uma longa manhã de Sábado, partilhámos gargalhadas e emoções, partilhámos uma afinidade inesperada, partilhámos cumplicidades, partilhámos a magia da infância contrariando as regras da vida e do tempo. Foi dos momentos mais felizes que tive.

Livros que não consegui ler até ao fim # 001

A ratazana, Gunter Grass

Pedaço # 016

Por vezes, quando não consigo dormir e apenas o vazio da ausência me aconchega, há breves momentos em que esqueço o meu nome. E é tão triste: fico congelada, a contemplar o vazio, o escuro, o medo; quase consigo ouvir o ruído monótono do cérebro a trabalhar, esforçando-se, tentando; demora apenas uns segundos, breves e monótonos; depois, de repente, lembro-me, o nome regressa, toma posse de mim. E ainda é mais triste: que fazer com ele?

Fotografias interpretadas

Quando os lábios quase tocam
Aproximaste-te para me beijar, pela primeira vez. E ainda os teus lábios não me tinham tocado e já eu estava certo de que me irias fazer insuportavelmente infeliz. Mas, por enquanto, continuo a saborear o teu toque. Até que chegue o dia.

Fotografias interpretadas

Argola imperfeita
Olho para ti, perscrutando vagarosamente cada pedaço do teu rosto: e não consigo recordar a última vez em que fomos felizes. Não consigo. Mas continuo a olhar.

Sugestão # 023

Quadro: A tempestade ou a noiva do vento, Oskar Kokoschka

22 agosto 2006

A cortina que guarda o teu amor

Sugestão # 022

Música: Neverland, The Knife

Pedaço # 015

Sinto que, efectivamente, não tenho qualquer controlo sobre o meu destino; e descubro uma enorme serenidade nesta conclusão; sinto que já não sou um utópico, iludido e obcecado com a possibilidade de controlar a vida e adaptá-la ao mundo que domina os homens que se julgam livres, os homens incapazes de perceber que a liberdade não está em fazer o que se deseja, quando se deseja, como se deseja mas que reside, afinal, na ausência da necessidade de desejar.

Sugestão # 021

Blogue: Pedras Negras

Confissão # 013

Não tenho qualquer desejo de viajar; suponho que isso me transforme numa espécie de raridade anómala do século XXI.

Veia

Sugestão # 020

Livro: Teatro de Sabbath, Philip Roth

Pedaço # 014

Poderei, talvez, visitar as divisões desta casa, percorrer os recantos desta aldeia, e procurar os fantasmas da minha infância; poderia reencontrá-los, um a um, e reconhecer neles os meus sonhos, as minhas ilusões, os meus projectos, os meus objectivos; poderia recolhê-los, recuperá-los, ressuscitá-los; e depois, muito devagarinho: concretizá-los.

Confissão # 012

Antes lia por paixão, com voracidade e prazer. Agora, dou por mim a ler por hábito, por não ter nenhuma alternativa melhor. Não consigo decidir se isto é um sintoma de embrutecimento ou de amadurecimento.

18 agosto 2006

Comprimidos da felicidade

Pedaço # 013

Penso como seria fácil: bastaria prolongar o olhar o tempo suficiente até perceberes o brilho dos meus olhos; nem seria necessário falar, verbalizar o meu desejo; bastaria um certo olhar: e tu perceberias.

Sugestão # 019

Quadro: Two half-naked women, Toulouse-Lautrec

Confissão # 011

Mais umas semanas e a minha filha irá para a escola. Dentro de um ano, saberá ler e escrever. Suponho que, logo de seguida, quererá ter o seu primeiro blogue.

Cruzamento

Sugestão # 018

Música: The sun rising, The beloved

Pedaço # 012

Ao longo destes últimos meses fomos aprendendo a desamarmo-nos, trilhando o percurso inverso ao que percorremos no início, regredindo; tentámos reconquistar as nossas individualidades, recuperar os pedaços que cada um cedeu (ou emprestou?) para a construção do nosso amor; pedaços de eu, que formaram um nós. Mas o nós morreu e há que realizar o funeral, enterrar o cadáver bem fundo, para que o cheiro não nos sufoque.

Confissão # 010

Gostava de ser ainda mais feliz. Não é que me queixe. Mas gostava.

17 agosto 2006

Argola imperfeita

Sugestão # 017

Blogue: Moriana

Confissão # 009

Já me perguntei qual será a quantidade mínima diária de risos e gargalhadas que uma pessoa tem de mostrar para que seja qualificada como uma pessoa feliz. Sete, talvez? Ou estarei a exagerar?

Pedaço # 011

Não sinto o tempo passar, porque não me interessa que ele passe ou não, é-me indiferente; e pergunto-me se não residirá aqui o segredo da imortalidade; ou, pelo contrário, será isto uma forma de morte, permanecendo vivo?

Corpo anónimo

Pedaço # 010

Lá longe, ruídos de carros, mulheres e homens ansiosos por chegarem não sabem bem onde, desvairados pela necessidade intrínseca e inconsciente de estarem em movimento, de não se deixarem apanhar. Fogem, não sabem de quê, não sabem para onde, não sabem porquê; fogem, simplesmente.

Sugestão # 016

Blogue: A.

Confissão # 008

Ainda não vi aquele filme que fala do crime do Padre Amaro. Por isso, não sei bem o que está em questão quando se fala de Soraia Chaves.

Pedaço # 009

Fecho os olhos, apenas para sentir a volúpia dolorosa e decepcionante de voltar a abri-los e perceber que nada mudou, que o tempo não passou (apesar de, realmente, ter passado).

Sugestão # 015

Livro: Belos cavalos, Cormac McCarthy

Confissão # 007

Uma vez apontaram-me uma arma à cara. Tive medo.

16 agosto 2006

Pele

Confissão # 006

Perante a pergunta “qual é o seu blogue preferido?”, quantas pessoas serão capazes de responder a verdade, dizendo simplesmente “o meu”?

Sugestão # 014

Música: Universal band silhouette, Jan Jelinek

Pedaço # 008

Vou recuando nas horas, e depois nos dias, tentando recordar a última ocasião em que fiz algo original, em que tive uma atitude ou um gesto ou um pensamento inédito.

Confissão # 005

Por mais que tente, não consigo recordar o que respondia quando, em criança, me perguntavam o que desejava ser quando crescesse.

Confissão # 004

Hoje fui à praia, pela primeira vez em muitos anos. Fui e fiquei. Porque há sacrifícios que se fazem para ver um sorriso perfeito no rosto de uma filha.

Sugestão # 013

Quadro: Daydream, Andrew Wyeth

11 agosto 2006

Quando os lábios quase tocam

Sugestão # 012

Quadro: The day after, Edvard Munch

Confissão # 003

Tenho saudades, por vezes insuportáveis, de ser criança. Suponho que se trata de uma doença; e que tenha um nome.

Pedaço # 007

Certamente que os fantasmas da minha infância já partiram, cansados de esperar por mim.